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O Papel da Nutrição no Sono

O Papel da Nutrição no Sono

 

Alguma vez refletiu acerca do impacto do sono (ou da falta dele) nas nossas vidas?

A importância do sono encontra-se bem estabelecida, sendo este um dos pilares da saúde. Um sono insuficiente está associado a um maior risco de doenças crónicas, como as doenças cardiovasculares, diabetes e hipertensão. Da mesma forma, as insónias contribuem para a diminuição da nossa produtividade, capacidade de decisão, atenção e memória.

Quantas horas devo dormir por dia?

A quantidade de sono que cada um de nós precisa varia individualmente, dependendo de diferentes fatores – um destes fatores é a idade. De uma forma geral, as recomendações são as seguintes:

Idade Duração do sono recomendada*
0 aos 2 meses 12-18 horas
3 a 11 meses 14-15 horas
1 a 3 anos 12-14 horas
3 a 5 anos 11-13 horas
6 a 11 anos 10-11 horas
12 a 14 anos 8.5-9.5 horas
15 a 17 anos 8.5-9.5 horas
≥18 anos 7-9 horas

*recomendação geral – pode variar entre indivíduos.

De forma a atingirmos estas recomendações, é importante garantirmos bons hábitos de sono – a chamada “higiene do sono”, isto é, “um conjunto de diversos comportamentos e hábitos adequados (…) que promovam um sono reparador e previnam a sonolência diurna”. Para potenciarmos a higiene do sono, podemos seguir algumas estratégias:

Manter horários de sono (de dormir e de acordar) constantes;
Praticar exercício físico diariamente;
Reduzir ou eliminar o consumo de bebidas com cafeína (como o café, alguns chás e refrigerantes, bebidas energéticas), sobretudo a partir da tarde;
Iniciar o processo de cessação tabágica;
Evitar o uso do computador, telemóvel e de videojogos, assim como a televisão, antes de dormir;
Se, à noite, utilizar o telemóvel ou o computador, por exemplo, reduzir o brilho do ecrã;
Criar um ambiente confortável no quarto: reduzir possíveis ruídos, garantir uma temperatura agradável e apagar todas as luzes.

 

A alimentação tem também um papel na qualidade do sono (e vice-versa). Se por um lado existe evidência de que o sono afeta a ingestão alimentar, também tem sido demonstrado que padrões alimentares e alimentos específicos podem interferir no sono.

A restrição do sono pode modificar as nossas escolhas alimentares, sendo que uma duração do sono reduzida tem sido associada a um maior apetite. Os indivíduos que dormem menos estão mais propensos a consumir alimentos ricos em calorias, consumir mais alimentos ricos em gorduras e açúcares, consumir menos vegetais e frutas, a terem padrões de refeições mais irregulares, e a consumir mais snacks. Por outro lado, um sono adequado é positivamente associado a comportamentos de saúde, como uma alimentação saudável.

De que forma a alimentação me poderá ajudar a dormir melhor?

Na cultura ocidental, é frequente associarmos alimentos como o leite a uma boa noite de sono. No entanto, a ciência não sustenta completamente esta ideia – é necessário estudar mais acerca do leite para compreender se tem (ou não) efeito na qualidade do sono.

Outros alimentos que têm suscitado o interesse dos cientistas são os kiwis e as cerejas. Contudo, ainda estão a ser estudados, não sendo ainda possível assumir o seu papel no sono.

Um padrão alimentar com uma quantidade adequada de hidratos de carbono e proteína (ver imagem) poderá promover a qualidade do sono. Por sua vez, o défice de vitaminas do complexo B e de minerais como o magnésio poderá estar relacionado com perturbações do sono, uma vez que estes nutrientes estão envolvidos na produção de hormonas que induzem o sono. O défice de vitamina D (obtida sobretudo através da exposição solar) encontra-se igualmente associado a uma qualidade de sono inferior.

Uma alimentação equilibrada e variada, rica em frutas, vegetais, cereais integrais, leguminosas, azeite, peixe, e fontes magras de proteína pode melhorar o sono. Por outro lado, a ingestão de bebidas com cafeína ou álcool pode interferir negativamente na sua qualidade.

Marta Gomes da Silva

Nutricionista (4441N)

 

Referências

Golem D. L., Martin-Biggers J. T., Koenings M. M., Davis K. F., & Byrd-Bredbenner C. (2014). An integrative review of sleep for nutrition professionals. Advances in Nutrition, 5(6), 742–759.

Halson S. L. (2014). Sleep in elite athletes and nutritional interventions to enhance sleep. Sports Medicine, 44(S1), 13–23.

Peuhkuri K., Sihvola N., & Korpela R. (2012). Diet promotes sleep duration and quality. Nutrition Research, 32(5), 309–319.

Pot G. K. (2017). Sleep and dietary habits in the urban environment: the role of chrono-nutrition. Proceedings of the Nutrition Society, 77(03), 189–198.

https://portal-chsj.min-saude.pt/uploads/document/file/802/Higiene_do_Sono.pdf. Consultado a: 31 de maio 2021.

Marta Silva, Nutricionista (4441N) S.Clínica

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